segunda-feira, 12 de novembro de 2007

The Color Purple


Mais um vídeo da série de filmes que mexe comigo, e com meus sentimentos. A Cor Púrpura, com Whoopi Goldberg e Oprah Winfrey. Impossível não me identificar com Miss Celie em diversas cenas. E impossível ficar indiferente a tudo que ela passou. A cena final, do reencontro com Natie, é algo que primoroso em mexer com os corações mais gelados.


Nuovo Cinema Paradiso


É de cortar o coração esse vídeo. Cinema Paradiso é um filme que sempre me emociona. Traz recordações tão intensas da época de infância. De uma infância bem vivida, de pessoas que foram importantes nessa época e que já se foram, de crescer, e abandonar o ninho. E de repente voltar, e ver na cidadezinha pequena tudo como foi há um tempo que já se foi, mas extremamente presente na lembrança...

http://www.youtube.com/watch?v=yK1smbWqP1g

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Le Pont Mirabeau


Nada mais adequado ao momento do que o poema de Apollinaire. Sempre atual. Sempre dilacerante ao dissecar as emoções perdidas e a visão longínqüa do futuro incerto.


LE PONT MIRABEAU


(Apollinaire, 1912)


Sous le pont Mirabeau

coule la Seine

Et nos amours

Faut-il qu'il m'en souvienne

La joie venait toujours après la peine


Vienne la nuit sonne l'heure

Les jours s'en vont je demeure


Les mains dans les mains restons face à face

Tandis que sous

Le pont de nos bras passe

Des éternels regards l'onde si lasse


Vienne la nuit sonne l'heure

Les jours s'en vont je demeure


L'amour s'en va comme cette eau courante

L'amour s'en va

Comme la vie est lente

Et comme l'Espérance est violente


Vienne la nuit sonne l'heure

Les jours s'en vont je demeure


Passent les jours et passent les semaines

Ni temps passait

Ni les amours reviennent

Sous le pont Mirabeau coule la Seine


Vienne la nuit sonne l'heure

Les jours s'en vont je demeure

domingo, 28 de outubro de 2007


Que le temps d'avant, c'était le temps d'avant

Tão fácil às vezes lembrar-se de situações as quais seriam preferíveis que não fossem difíceis de esquecer. A mente torna, retorna, e chega a um ponto de partida, como se andasse em círculos. Não obedece a vontade própria, aliás, ELA sim possui essa vontade própria.


Queria não lembrar que errei. Queria apenas aprender com esses erros, e não mais cometê-los, e dessa forma não conviver mais com eles.


Queria não lembrar que fui humilhado. Queria apenas consertar todas minhas características que foram dignas de humilhações, para que elas não mais se apresentassem.


Queria não lembrar que devotei atenções e prioridades a quem não as queria, e que, portanto as legaram à mera e reles basura. Queria apenas aprender à quem direcionar tamanha força e concentração a pessoas que realmente fossem dignas.


Queria não lembrar que amei, e por amar, fui reduzido a motivo de escárnio e deboche. Queria apenas amar de novo, e sendo mais específico, ser capaz de amar de novo, sem receios e pés atrás.


Queria não lembrar que na grande maioria das vezes a vida não nos oferece exatamente aquilo que nós queremos. Queria ter a certeza que aquilo que desejo eu posso ter e alcançar, sem o medo de que a luta possa ser em vão.


Queria não lembrar que a vida pode ser cruel e ameaçadora em grande parte das vezes. Queria ter a ilusão de que tudo são rosas, e rosas, e rosas, e que não preciso andar com medo de tropeçar em pedras e espinhos.


Queria não ser realista ao extremo. Queria apenas me permitir o direito de sonhar com coisas que se afiguram como extremamente impossíveis de serem realizadas, e de se tornarem prática comum e corrente.


Queria esquecer que existe o fator limitante TEMPO. E que muitas coisas não se resolvem somente com o tempo. Queria apenas convencer-me que possuo todo o tempo disponível para acertar o verdadeiro caminho e para esquecer daquele que acabei de trilhar sem destino.
Queria esquecer que para tudo na vida, as pessoas demonstram interesse. Queria apenas acreditar que muitos, pelo menos a maioria, pautam suas ações pela total e completa falta de interesse, única e exclusivamente objetivando o bem estar alheio e a doação, assim como o fiz em tantas oportunidades.


Queria deixar no “tiempo del olvido” que por muitas vezes em todos os lugares que passei em minha vida até hoje, deixei pessoas com às quais em algum momento possa não ter agido corretamente. Queria ter a percepção que sempre consegui agradar a gregos e troianos, e que todo meu esforço foi sempre recompensado com a gratidão, e que por nenhum momento ocasionei a infelicidade alheia.


MAS, COMO PERCEBO POR TUDO QUE PASSEI, NEM SEMPRE O QUERER É PODER!


POSSO, por sobremaneira, tentar equilibrar coração e sentimento, half to half, e medir toda a doação, para que essa não seja nem escassa a ponto de se pressentir um descaso, e nem excessiva, a ponto de ser mal-entendida e possivelmente limitante.


POSSO, de uma forma simples, olhar em frente, aprender com os erros, pensar sempre antes de agir, e dessa forma minimizar daqui para frente a ocorrência de acontecimentos dos quais seria melhor nem lembrar.


POSSO, e tenho a capacidade para isso, tornar meus sentimentos mais passíveis de controle, e mais previdentes, e antes de ser tomado de paixões efêmeras e passageiras, raciocinar melhor a quem entregar meus sentimentos, que de tão difíceis de serem definidos, acabam se tornando um bem extremamente raro.


POSSO, com larga margem de razão, conscientizar-me de que apesar de fazer sempre o possível, aqueles que nos rodeiam são fruto de uma vivência diferente, e por isso acabam enxergando e entendendo os fatos de maneiras díspares, e dessa forma podem enxergar as coisas de uma forma muito diferente da minha. Nesse sentido, mal-entendidos podem ser constantes, e não dependem exclusivamente de mim para que aconteçam.


POSSO, todavia todos podemos, fazer do tempo um aliado, mas um aliado ao qual demonstramos respeito e subserviência, pois ele é quem vai dirigir a cinética dos acontecimentos, e que determina a duração dos objetivos e das próprias capacidades e a intensidade dos atos perante a sua necessidade.
POSSO, e quero ter certeza disso, esperar que “para todo pé torto, existe um chinelo velho para calçar”, e deixar o tempo ser rei, e adestrar os sentimentos à sombra da razão, e aguardar para que o dito “save the best for the last” ocorra na prática.


Depois de avaliar isso tudo, espero acreditar que o tempo de antes, FOI o tempo de antes.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

A presença de Billie Holiday


Praticamente impossível não me render ao poder da voz de Billie Holiday, como também é quase que inevitável ouvir as letras de suas músicas ressoando dentro de mim.


Engraçado esse meu gosto musical, sempre baseado em pessoas que sofreram tanto por amor, como Billie, Piaf, Maysa, Nina Simone, Elis... por mais piegas que possa parecer, me identifico com as situações que elas cantaram, por me sentir incluído de sobremaneira em grande parte delas.


Para temperar a noite de insônia, deixo a todos duas letras de músicas cantadas magistralmente por Billie, as quais me acompanham sempre que questiono o que é o sentimento, e principalmente como lidar com ele.


Sinceramente, é muito mais fácil lidar com a razão do que com os sentimentos.



SOLITUDE

Eddie Delange, Irving Mills, Duke Ellington


In my solitude you haunt me

With reveries of days gone by

In my solitude you taunt me

With memories that never die


I sit in my chair

Filled with despair

Nobody could be so sad

With gloom ev'rywhere

I sit and I stare

I know that I'll soon go mad


In my solitude

I'm praying

Dear Lord above

Send back my love



YOU DON'T KNOW WHAT LOVE IS

Don Raye / Gene DePaul


You don’t know what love is

Until you’ve learned the meaning of the blues

Until you’ve loved a love you’ve had to lose

You don’t know what love is


You don’t know how lips hurt

Until you’ve kissed and had to pay the cost

Until you’ve flipped your heart and you have lost

You don’t know what love is


You Don’t Know What Love Is



quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Eu queria cantar-te um fado


Eu queria cantar-te um um fado, que tivesse uma letra melancólica, mesclada à uma música lacerante, traduzindo toda a dor que sempre acompanha todo o amor.

Estranha Forma de Vida


Foi por vontade de Deus

Que eu vivo nesta ansiedade

Que todos os ais são meus

Que é toda minha a saudade

Foi por vontade de Deus


Que estranha forma de vida

Tem este meu coracão

Vive de vida perdida

Quem lhe daria o condão?

Que estranha forma de vida


Coracão independente

Coracão que não comando

Vives perdido entre a gente

Teimosamente sangrando

Coracão independente


Eu não te acompanho mais

Pára, deixa de bater

Se não sabes onde vais

Porque teimas em correr?

Eu nao te acompanho mais

sábado, 6 de outubro de 2007

No meio da tormenta, aparecem sempre lampejos reconfortantes....



Nessa noite, lembro-me de Zélia Duncan. Sim, a cantora niteroisense que grande parte do Brasil aprendeu a admirar. Recordo-me de quando a vi, no Palácio das Artes de Belo Horizonte, há alguns anos atrás, e também de como fui parar lá.


Estava eu em um sábado, bem de manhã cedo, rodando de carro por BH. Tinha sido mais uma noite DAQUELAS, em que tinha me sentido “the last of the lasts”. Mais uma noite típica do período negro que vivi em minha vida, no qual toda e qualquer faceta racional foi ofuscada por uma prevalência de um lado extremamente emocional e insano. E mais uma noite na qual sofri, na qual fui defrontado com todos meus fantasmas do passado (ponto para Dickens) e que fui assombrado por eles, através da visão que me ofereciam de quanto eu poderia ser alguém tão cheio de defeitos e problemas, a ponto de me tornar completamente indesejável e causador de nojo.


E de repente, vejo na Avenida Álvares Cabral um cartaz do show que Zélia Duncan iria fazer em Belo Horizonte. Não tinha a menor noção de que ela estaria na cidade. E comecei a me lembrar de músicas que ela cantava, tais como “num apartamento, perdido na cidade, alguém está tentando acreditar que as coisas vão melhorar ultimamente”. Ledo engano, Zélia, as coisas não vão melhorar, aliás elas caminham para um beco sem saída e com perspectiva de pioras. Na medida do impossível, está dando para se viver, na cidade de BH, o amor é imprevisível e inatingível.


Zélia, que sempre cantou poesias que encaixavam com perfeição nos buracos formados em minha alma. “O deserto que atravessei, ninguém me viu passar, estranha e só, nem pude ver, que o tempo é maior, olhei pra mim, me vi assim, tão longe de chegar, mas perto de algum lugar..” Que sempre expressou momentos que marcaram a fogo minha vida por diversas vezes, e profundamente. “O que vc quer, o que vc sabe, não é fácil pra mim, meu fogo também me arde, as vezes, me vejo tão triste.. . meu coração, só se esconde e dói...”. Que sempre esteve comigo quando lágrimas insistiam em parecer inexauríveis, e o fim da dor inacessível. “Quando olhaste bem nos olhos meus, e teu olhar era de adeus, juro que não acreditei, eu me estranhei e me debrucei sobre teu corpo, e te agarrei nos teus cabelos... dei pra maldizer o nosso lar, pra sujar seu nome, te humilhar, e me entregar a qualquer preço, te adorando pelo avesso...”. Concluindo, é exatamente o que eu estava precisando neste instante.


Data do show? No mesmo dia, naquele próprio sábado. Corro eu para o Palácio das Artes, rezando a todos os santos, orixás e beatos para conseguir uma entrada. Vou sozinho mesmo, a certeza quase indubitável de que terei de ir “all by myself” nesse show me faz desistir de qualquer tentativa de chamar quem quer que seja. Atitudes práticas, rápidas e objetivas são características minhas.


E, incrivelmente, consigo a entrada para o show. E olho para aquela entrada como uma possível passagem entre a dimensão que estou vivendo, e uma segunda, aonde as dores e os sofrimentos são atenuados e dispersos por uma voz cantando letras e músicas conexas. E me concentro naquele ingresso, como se fosse o último pedaço de esperança que me restasse, um bálsamo para tudo aquilo que estava passando e sentindo naquele momento.


Passo o resto do dia naquela ansiedade clássica de quem está próximo de um grande acontecimento. Compro roupas novas, cantarolo as músicas pelos cantos da casa, lembro-me de Niterói, telefono para minha mãe contando do acontecimento da noite. Sim, sempre minha mãe ouvindo, mesmo que disfarçadamente muitas vezes, tudo que acontece em minha vida.


E vou para o show. Quase uma hora e meia antes, aprendi com os mineiros que “o trem se espera é na estação” ou mesmo, como dizia a minha avó, “a missa se espera é na igreja”. Preciso me precaver contra qualquer imprevisto, o acontecimento é demasiadamente especial para ser perdido. Consigo fácil o estacionamento, e fico na porta do Palácio das Artes aguardando o momento da entrada triunfante. Essa experiência é muito enriquecedora, pois consegue-se observar as pessoas que chegam para o show, e vê-se claramente nos olhos destas que muitas encontram-se na mesma situação, ou, de outra forma, que possuem sensibilidade suficiente para conseguir entende o que Zélia vai transmitir. A sabedoria popular é inteligente ao afirmar que “um olhar vale mais do que mil palavras”.


As portas se abrem, entro e fico sentadinho em meu lugar marcado. Não é dos melhores, mas também não é dos piores. Estar sozinho num show tem essa vantagem, consegue-se bons lugares pois, como quase todos vão acompanhados, os lugares isolados que vão aparecendo de acordo com a venda dos ingressos são muito pouco disputados. E sentado admiro o teatro, cada forma, cada reentrância, cada detalhe, como se aquele palco fosse um Templo no qual a pitonisa estive a ponto de adentrar e expressar suas previsões.


As luzes se apagam, e a música começa a ser tocada. E de repente, os músicos entram por trás do teatro, e Zélia caminha com eles. E ela passa ao meu lado, e esse simples e fortuito “quase” contato me deixa extasiado. Que sorte pegar aquele assento de quina. E ela começa a cantar, uma a uma, canções reunidas num show intitulado “Eu me transformo em outras” (ou quase isso). Só o título é algo com o qual me identifico, pois muitas vezes, de acordo com cada situação, eu acabo me transformando (ou assumindo) outras personalidades, sempre no intuito de poder melhor me adaptar ao ambiente e responder as exigências e anseios alheios de forma mais plausível. E cada canção penetra em meus pensamentos, une-se a minha mente e permite que, naquelas poucas horas, minhas perturbações e angústias sejam esquecidas e remediadas.


Zélia não possui uma beleza clássica e nem condizente ao estereótipo que muitos procuram e almejam na atualidade (ODEIO ESTEREÓTIPOS). Mas a sua voz, as suas músicas, e seu jeito de ser e de se apresentar a tornam, para mim, um modelo de beleza sem igual, superior a muitas personalidades que cultivam um conceito de belo fútil, fugaz e passageiro. Talvez aí possa se abrir uma vasta e infindável discussão acerca do conceito do “belo”.


Alguém oferece rosas vermelhas a Zélia. Ela as recebe de uma forma doce e educada, e espalha as pétalas por quase todo o seu percurso no palco. Posso ser capaz de afirmar que senti o perfume dessas rosas, e que vi, através desse gesto, que o carinho e admiração de seus fãs estavam, nesse momento, e metaforicamente, pavimentando o caminho artístico dela e fazendo parte de seu “ser” artístico. Nada melhor para justificar o porquê da identificação de muitas pessoas com as canções que estavam sendo apresentadas.


E, como era infelizmente previsível, o show acaba. Mas a tristeza por ter chegado ao fim é eclipsada pelo êxtase e pela felicidade de estar perto e ouvir Zélia, e te ter desfrutado de momentos de puro prazer. Posso afirmar que o sentimento de plena realização é praticamente comparável a um orgasmo, mas um orgasmo que se dá de uma forma harmoniosa e mais duradoura. E muitos daqueles sofrimentos, desilusões, agonias, angústias e incertezas se tornam mesquinhos, pequenos... A felicidade pode residir em detalhes às vezes quase imperceptíveis, e o pouco se torna muito quando bem vivido e apreciado. E também, quase sempre, esses detalhes estão em momentos e situações imprevisíveis.


Obrigado, Zélia Duncan, por ajudar a enxergar meus sentimentos e minha realidade de uma maneira menos negativista, e mais tranqüila. Um show a mais para vc, uma cidade a mais visitada, mas acima de tudo, um grande momento de paz e felicidade para mim.

domingo, 26 de agosto de 2007

Edição Especial de Astrologia: O Ariano, por ele mesmo...


O Ariano é turrão. Não ouse desafiar o ariano, ele vai mover mundos fundos para provar que está certo, e utilizará de todos os meios possíveis para tal empreitada. Entregar os pontos, desistir, abaixar a cabeça, acomodar-se, são situações que não constam da lista das “Mais mais” do Ariano. Cabeça dura? Que nada, apenas uma cabeçada sua pode trincar o mais puro diamante.

O Ariano é brigão. Se existe uma guerra, é para ser vencida. E de preferência, com ele liderando, e assumindo o controle de todos os pontos. Controle dos detalhes não, o Ariano não é detalhista. Procura enxergar dentro do todo a razão de sua batalha e a perspectiva de vitória. E ele pode também questionar as definições de ética para conseguir seu intuito. Churchill é exímio exemplo.

O Ariano é um apaixonado. Age mesmo imprevidentemente para agradar àqueles que ama, e também para massacrar aqueles que odeia. Seus procedimentos são sempre embutidos de um toque especial de impulsividade, aonde o fim justifica os meios. A felicidade do ariano é, em grande parte das vezes, fazer a felicidade alheia. A doação espontânea e absoluta é característica “si ne qua non” de sua personalidade. Se vc exprime algum desejo e vontade a ele, pode esperar que em pouquíssimo tempo ele estará os realizando. Gênio da lâmpada! Mas não confinado, pois o Ariano precisa de espaço, principalmente à sua frente. Uma pessoa que limite o espaço da criatura pode se sentir no final como as roupas do Hulk durante a transformação.

O Ariano é descuidado e desastrado. Habilidades manuais não são seu forte. Esqueça o artesanato, o bordado e a aula de pintura. Como não é detalhista, escapam a ele diversos pontos aonde poderia investir para melhorar o todo. Não é bom revisor de textos, e nem webdesigner. Mas é um excelente crítico. Não deixe jogos de porcelanas inglesas e seus vasos Ming no caminho desta Scania, ele costuma passar sem nem ao menos notar o que está em seu percurso. Mas se quebrar algo, reporá em tempo recorde.

O Ariano é prático. Nada de falácias, pense somente na aplicação real do que pretende que ele faça. Reuniões e filmes brasileiros, todos deviam terminar meia hora mais cedo. As famosas DRs (discussão de relação) são uma verdadeira faca em seu peito. Ao pensar em problemas, ele é o primeiro a querer solucioná-los, e mesmo não estando envolvido diretamente, não vai sossegar enquanto não ver tudo no seu caminho correto. Injustiças também têm seus dias contados quando descobertas, todo o seu furor e concentração estarão focados para dizimá-las. Quer fazer uma tortura chinesa com o Ariano? Coloque-o em uma reunião de duas horas, com trocentas pessoas falando, e sem nenhum resultado prático e real no final.

O Ariano é um viciado nato. Procura extrair das coisas boas da vida o seu sumo, até a última gota. Tudo que é bom ou mata ou engorda. É predisposto, então, à obesidade. Não regule a alimentação dele, corre-se o risco de receber o prato de feijão tropeiro na cara. Da mesma forma, não questione o seu tabagismo, ou seus excessos em geral, dependendo do grau de paciência (geralmente curto), as respostas podem variar de um simples sorriso irônico a um desfile de imprecações impublicáveis.

O Ariano é um velocista. Ayrton Senna foi o maior exemplo. Ele não tem tempo a perder, a não ser com seus excessos. Atrasos para esta divindade são imperdoáveis. O trem se espera é na estação, e a missa se espera é na igreja. Seu tempo é calculado de forma a realizar o máximo de coisas no intervalo de tempo o menor possível. É quase que uma relativização do conceito de espaço, pois seu objetivo é estar em todos os lugares no mesmo espaço de tempo. O relógio é seu melhor aliado, e acessório imprescindível. Identifique em uma multidão os arianos pelo seu andar curto, mas apressado. Caminhe ao lado dele, nunca na frente, com certeza ele poderá (e IRÁ) te atropelar em algum momento.

O Ariano é um realista. Não espere dele demagogias e utopias. E muito menos que ele assuma o lugar comum de dizer o que geralmente as pessoas não dizem. Adora desafiar dogmas, estereótipos e jogar na cara dos outros aquilo que elas mais querem esconder, ou aquelas coisas que tentam mascarar utilizando palavras e expressões mais suaves. Gosta de dar as definições claras de tudo. Exemplo: Se alguém vende o corpo, é prostituta, não importa se fazendo isso obviamente nas calçadas, ou disfarçadamente para obter vantagens pessoais. Chavões são um inimigo em potencial de nosso querido amigo do primeiro signo do zodíaco, portanto, a não ser que você tenha um objetivo claro de irritá-lo, esqueça-os na sua presença.

Conseqüentemente, o Ariano é um desbocado. Não tem vergonha e nem pudor de demonstrar publicamente seus sentimentos, e faz isso com extrema eficácia e intensidade. Mas pode também guardar o que sente, e se comportar de maneira adversa ao esperado, apenas para conseguir obter sua tão almejada vitória. Se algo é real, é verdade, porque esconder? Não, não aguarde que ele vá utilizar de meios diplomáticos para resolver contendas, ele prefere expor a situação nua e crua, para que se possa ter noção do problema TOTAL, e daí ter vontade de realmente resolvê-lo.

O Ariano é um cético. Não acredita em nada, até que ele prove que aquilo realmente corresponde a realidade. Não imagine credulidade gratuita vinda de nosso amigo. Ele pode questionar até os pormenores inimagináveis, tentando localizar furos que invalidem alguma teoria. Ele não segue caminhos pré-determinados, vai ceifar a floresta para construir o próprio. Desbravar é um lema para o Ariano, e um prazer, o qual é muito maior do que chegar no ponto final. Imagine Indiana Jones no meio de uma floresta tropical fechada, com uma foice na mão, abrindo caminho para a caravana (e na frente dela!). Clássica definição ariana! Também clássica é a cena aonde Indiana tira o revólver e atira no espadachim fazendo acrobacias na sua frente, ao invés de atacar. Áries grita nessa hora de tanta identificação!

O Ariano é um cigano. Se ele percebe que sua função em algum lugar está acabada, que ele não é mais necessário, ou que está beirando o comodismo, não hesitará em mudar completamente sua vida. New York, London ou Zimbabwe, tanto faz, ele vê vantagens e desvantagens em todos os lugares. A falta de perspectivas e o comodismo são como uma apunhalada em seu coração. A paixão o move constantemente! Existem muitos lugares no mundo que necessitam de suas atitudes, ele não deve ficar parado sem produzir, isso para ele é definição de MORTE. Ser um Médico sem Fronteiras é um de seus grandes sonhos.

Prazer, Ricardo Portela, Ariano do dia 25 de março! À sua disposição!

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

A aliança (possível) entre o sentimento e a razão


Não te peço que me compreendas. Acredite, sou uma pessoa além da compreensão, não que eu queira me fazer de especial, ou dizer que sou melhor do que os outros, apenas diferente. E pauto minha vida e minhas atitudes pelo inesperado, pelo inusitado. Costumo me divertir com chantagens emocionais e assumir posicionamentos completamente contrários daqueles que as pessoas esperam que eu assuma perante um desafio, ou que queiram induzir me chantageando. A rotina e a monotonia são minhas inimigas mortais, e costumo, por exemplo, trocar meus caminhos de ida e volta ao trabalho apenas para não cair na mesmice. E assumo minha personalidade multifacetada, com reações e posicionamentos que se enquadram a cada situação específica, a cada momento em particular. As moléculas que compõem meu corpo são as mesmas encontradas na natureza, dessa forma posso ser um riacho calmo que inspira e acalma, ou um imprevisível e destruidor maremoto. Portanto, apenas me entenda, não me compreenda. O tempo que vc gastará para tentar me compreender poderia representar um risco de inércia, e com certeza resultaria em um grande disperdício.

Não te peço que me ames. Amor substantivo abstrato, não tem forma, cor, odor, e muito menos pode ser mensurado. Nunca caia na armadilha de dizer que fulano ama mais sicrano do que o sicrano ama fulano, não tem como se medir algo tão abstrato e de definição tão imprecisa. Ou este amor existe ou não faz parte deste relacionamento. E também amar é verbo intransitivo, não precisa de complemento. Tampouco de condições. Algo assim tão difícil de descrever, também torna-se problemático de estabelecer se faz parte do rol pessoal de sentimentos por outrem. Outra perda de tempo é gastar horas e horas fazendo uma auto-análise para tentar definir se está se amando ou não outra pessoa. Para deixar as coisas mais simples, tente sentir e expressar outros substantivos abstratos que são muito mais palpáveis, como respeito, atenção, carinho, dedicação, afeto, honra, verdade, cumplicidade. Quem sabe essas palavrinhas conseguem estabelecer aos poucos e em partes o verdadeiro sentido de amar!

Não te peço que me bajules. Adulação é prima próxima da falsidade, da demagogia, do cinismo e da pobreza de espírito. Tenho qualidades que são dignas de grandes elogios, mas também defeitos à altura da execração. Como toda e qualquer pessoa, sou um amálgama de características, que, dependendo do ponto de vista, podem ser consideradas boas ou más, mas em que em grande parte das vezes transitam na linha tênue que separa esses dois opostos. Apenas reconheças que sou o somatório de todas essas posições antagônicas (ou não), e que é justamente isso que define a minha personalidade. E que, em algumas situações, o meu verdadeiro SER pode ficar mascarado dentro de um ESTAR provisório, fruto de um momento ou mesmo de uma conjunção de fatores, os quais por mais que se esforce acabam por influenciar camadas mais profundas da consciência.

Não te peço performances ou atitudes espetaculares. A busca dessa excelência pode beirar o artificialismo, e dessa forma se expressar de forma vazia e fugaz. Aqueles que dão valor às grandes coisas, ou aos momentos mais marcantes, acabam jogando no lixo tempo de vida precioso a espera desses acontecimentos supranormais, e nunca se satisfazem com o que acabam obtendo, procurando sempre por mais, e mais... Quando aprendemos a dar valor às pequenas coisas, aos ligeiros detalhes, ou mesmo a pormenores que passam despercebidos, conseguimos agregar em nossa vida um maior número de momentos felizes e de paz interior. Um toque macio e suave, um afago inesperado, uma palavra de afeto em um momento inusitado, um olhar que transmite a frase chave “eu me importo com vc”, podem valer muito mais do que uma noite de sexo selvagem e enlouquecido.

Não te exijo riquezas. Dinheiro é algo que realmente não traz felicidade, mas ajuda a manter a preocupação distante. Mas perder a dignidade e a honra por conta de benefícios financeiros traduz uma falta de caráter incomensurável. Porque ao invés de esperar que possas fazer tudo por si só, não preferes construir um caminho a quatro mãos, e dessa forma com maior eficiência e perfeição? Apenas exijo que torne sua vida um campo de perspectivas e planos, e que através destes construa seu futuro, sem se render ao comodismo de uma situação que em muitos momentos pode parecer não confortável. Traduza seus pensamentos em atitudes práticas. Ao invés de reclamar dos problemas, tente dispender tempo procurando as soluções. E sempre que precisar de qualquer coisa que seja, conte comigo, pois na maioria das vezes consigo ser muito mais feliz quando contribuo para a realização da felicidade das pessoas que me rodeiam.

Já que estou tocando nesse tema, não pretendo que sejas a razão de minha felicidade, e muito menos que eu seja a base da tua. Como diria o Sidarta, nunca devemos permitir que a nossa felicidade dependa de outras pessoas, ela deve única e exclusivamente ser construída e alicerçada por nós mesmos, sem ter nenhum pilar içado sobre outras individualidades. Somos completamente responsáveis por tudo que nos acontece, e jogar para cima dos outros a responsabilidade de nossos atos é simplesmente nos tornar cegos para características próprias que devem ser trabalhadas e aprimoradas. Aceitar-se a si mesmo não significa dizer “sou assim mesmo e pronto” (a famosa Síndrome da Gabriela – eu nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim...). Isso vai de encontro a todo e qualquer conceito de evolução e desenvolvimento, os quais acredito sejam as verdadeiras razões de nossa existência. O poder de auto-análise e avaliação, associado com a perspicácia de encontrar maneiras e caminhos para atingir o aprimoramento, são características fundamentais em qualquer um que realmente queira aproveitar cada momento da vida.

Apenas te peço que sejamos como duas massas de modelar, as quais possam se moldar uma a outra, se adequar mutuamente, se encaixarem, sem nunca perder as suas características básicas originais.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Um Lobisomem Mineiro na Cidade do Salvador - Parte I



Estar acordado às três horas da manhã, sem nenhum sono, e sem paciência para ver nada na televisão, é indicativo de que essa é mais uma daquelas tradicionais noites de guerra com Morfeu. Creio que eu já me acostumei com essa situação, e mesmo meu corpo não dá sinais de cansaço no dia seguinte. E a primeira vista, aqueles que não me conhecem o suficiente, já pensam que eu estou com problemas, que alguma coisa não me deixa dormir. Não deixam de estar completamente certos, pois minha cabeça funciona continuamente pensando mil coisas ao mesmo tempo, mas não é algo diretamente relacionado a problemas.

A idéia recorrente passa na cabeça, dirigir é desestressante. Visto-me rápido, e ao me vestir relembro uma das vantagens de morar aqui, nunca faz frio, não existem complicações maiores com O QUE se vestir. Olho para os gatos, esses sim abençoados, pois dormem de dia, e também de noite, sem nenhuma dificuldade. Mas nesse momento acordam e me olham, e lançam aquele olhar de incredulidade que qualquer pessoa que morasse comigo me lançaria, algo do tipo “Vai sair de casa a essa hora?”. Sem maiores problemas, talvez eles mais do que qualquer um entendem.

Desço, e é hora de acordar o porteiro para abrir o portão. Este sim, apesar de não poder, dorme profundamente. Após diversas tentativas, no qual se balanceia a vontade de acordá-lo com o medo de fazer barulho e incomodar o resto do prédio, consigo. E recebo o terceiro olhar de incredulidade.

Entro, ligo o carro, e Billie Holiday começa a convenientemente conversar comigo, falado de sua “Solitude”. Os fantasmas que assombram Billie talvez tenham a mesma natureza dos meus. Definitivamente, além dos gatos, Billie também pode me entender (e sendo sincero, entendo-a também perfeitamente), e por isso me acompanha nesses momentos.

Caminho a seguir? Claro, a orla. Outra grande vantagem de se morar nessa cidade, não existe remédio melhor do que andar, ou passar de carro na orla, nesses períodos de auto-questionamento. As ondas batendo nas pedras me lembram de algo que me foi dito há muito tempo: “Seja igual à água dos rios, que ao encontrar a pedra, pacientemente desloca seu rumo, contornando seu obstáculo, mas pouco a pouco vai erodindo a pedra, até retornar ao seu curso original”. A mesma coisa acontece com a água do mar enfrentando as rochas da orla, espero eu. E a mesmíssima coisa deve acontecer em minha vida.

Alguns gatos pingados e pardos povoam a fauna noturna da cidade. Lojas de conveniência são paradas obrigatórias deles, aonde uivam para a lua comemorando o seu abandono, regados ao bálsamo etílico amargo, mas eficaz ao servir de ferramenta de desprendimento da realidade. Bebe-se muito nessa cidade, em qualquer hora, qualquer ocasião, talvez a energia desprendida em festas, eventos, ocasiões, se fosse um décimo direcionada para realizações práticas na vida, fariam esse lugar evoluir bastante.

Lembro-me de minha avó... lembro-me de Tia Iêda. Essas lembranças são ótimas para amolecer meu coração, nada melhor do que utilizar os flashes de memória com pessoas as quais vc realmente amou e foi amado por elas, e que representam marcas de vivência que se apagam, para quebrar o gelo da racionalidade. A fase Vulcana se prenuncia em mim, a lógica tem tomado conta de minhas decisões e pensamentos. Quando avalio a realidade e vejo que essa lógica está muito forte, procuro ser um pouco Dr. Spock, meio humano e meio Vulcano. Faço bobagens sendo extremamente racional, mas também sou exímio em executar tolices as mais diversas quando migro para o extremo sentimental.

O vento se torna mais intenso, a chuva começa. Aqui é comum “chover mar”, porque aliada a chuva vem uma forte maresia, e é fácil constatar que as gotas de chuva são salgadas. Meus aparelhos eletrônicos passam na mente, resquício da lógica e da racionalidade, essa maresia está acabando com meu computador (já acabou com um, indubitavelmente acabará com o segundo), vai acabar com minha televisão, com meu som. Às favas com essas preocupações, como diria Dona Auzinda: “Mais tem Deus a dar do que o diabo a carregar”. Diabo? Um fenômeno natural como esse, e eu o delego às forças demoníacas? Ok, “força de expressão”.

Outra espécie comum na fauna noturna são os automobilistas de ocasião, que adoram ruas desertas, e pessoas tentando dormir, para exibir suas “habilidades” ao volante. Mais uma forma de atrair a atenção alheia que têm lhes faltado no cotidiano, e de algum modo tentar extrair de si um PODER, que não conseguem ter em seu trabalho e vida pessoal. Distância deles, gosto muito de meu C3 redondinho para algum palhaço desses fazer qualquer coisa com ele. A Lógica de novo... quem sabe se eu me juntasse a eles, pelo menos desse prazer transitório eu poderia desfrutar? Não, não é o tipo de PODER que quero ter, aliás não consigo ter, e a minha precaução fala mais alto. Meus momentos de atitudes impensadas e de rompantes são, como devem ser todos, raros e imprevisíveis.

Previsibilidade, palavra mais chata, que me enoja. Ser previsível é ser chato, é ser monótono, é ser manipulado pelos outros que agem com vc de uma forma induzindo a uma ação previsível. É conferir a outrem a chave do carro de suas decisões. Por isso tenho o prazer de ser imprevisível, pois adoro reagir de uma forma completamente oposta quando me induzem a determinados comportamentos. O prazer maior fica em ver a cara de espanto de quem esperava um vulcão, e acaba encontrando um riacho calmo, ou vice-versa, claro.

Itapoã, além daqui minha personalidade precavida não me aconselha a ir (Precavida, Ricardo Portela? Sair na rua para dirigir a uma hora dessas é algo precavido?). Tudo bem, vamos voltar. A volta também é pela orla, mais um caminho inteiro para desestressar e pensar. Relembro Viçosa, e de como pude me tornar EU mesmo lá, sem estar a sombra dos outros, e sem ser um robô programado a repetir a trajetória de meu pai, como esperavam que eu fosse em Miguel Pereira. O melhor de lembrar da época de graduação e mestrado é que foram tantas pessoas que atravessaram meu convívio nesse tempo, que é impossível de lembrar de todas ao mesmo tempo, e de todas as situações também. O mais prazeroso é que, de repente, surgem na memória fatos ou indivíduos do qual não se recordava há muito, e achá-los nessa revirada do baú me suscita novos questionamentos e formas de encarar a vida.

Placaford, Pituaçú, Piatã... chegando perto de casa. Os coqueiros que se adaptam ao vento, se curvam a ele, mas não caem (na maioria das vezes...) me lembram da adaptabilidade. Avisam que conseguir se moldar a realidade é fator indiscutível para poder viver. Fico rindo comigo mesmo ao lembrar da frase “Na Bahia tem mais artistas do que coqueiros”. Não deixa de ser uma grande verdade, além do povo ter uma grande vertente artística, e não ter pudor em expressá-la, associado a isso tem muita gente que gosta de viver de arte, pensamentos, idéias, mas que raramente as coloca em prática. Imobilismo associado a conformismo, com um ligeiro tom de preguiça. Sem generalizações, por favor, mas muitos conduzem sua vida assim.

Vou me agregar aos animais da fauna dos postos de conveniência. Mas apenas transitoriamente, para adquirir as pílulas de prazer as quais me dou a liberdade de consumir: M&M. Entro e saio do modo mais à francesa que posso, não quero ser notado por eles, prefiro sair incólume de comentários e predicações. E de posse de meu vício, retorno para casa.

Mais uma tentativa frustrada de acordar o porteiro. Bater o farol alto não adianta. Terei que dar aquela leve buzinadinha, assumindo o risco de incomodar alguém dos andares mais baixos. Em uma grande dificuldade, ele acorda e abre o portão, e lá vou eu para as mais arriscadas manobras para colocar o redondinho em seu devido lugar. Passo e entro no prédio sorrateiramente, não há explicações devidas a dar.

Os gatos me recebem com um olhar o qual tento decifrar: seria “Já de volta?” ou um “Demorou, hein?”. Não faço idéia, dispenso o relógio nessas ocasiões, prefiro desfrutar o tempo sem medidas, sem pensar se é cedo ou tarde demais. Minha irmã estava certa ao dizer que gatos não são interesseiros, são interessantes, e sua faceta de mistério me fascina. Nada muito aberto, muito óbvio, muito fácil de entender é digno de verdadeiro interesse, o bom está em tentar compreender e na dúvida. Sim, pensando dessa forma, meus gatos são esfinges, “Decifra-me ou devoro-te”. Ou "decifra-me, ou dê-me algo para devorar...".

Chamo os dois. O ciúme impede que ambos durmam comigo, o espaço da cama é suficiente para apenas um. Mas tudo bem, tudo calmo, tudo em paz, vou dormir mais calmo, mais sossegado, com a cabeça repleta de indagações, dúvidas e devaneios, com um pouco menos de tempo, mas com a paz comigo mesmo que, de alguma forma, a caminhada noturna me ajudou a ser um pouquinho mais Ricardo Portela. Agora vamos ao sono, e à grande aventura que isso representa, com os intermitentes sonhos, expressando explosões mais variadas do inconsciente. Mas isso é assunto para outra aventura desse lobisomem, meio homem, meio canino, mas com um especial tempero felino.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Alguém pode dizer a verdade sobre a VERDADE?





Hoje lembrei-me de duas coisas que li há bastante tempo, e que até hoje representam a base de muito o que penso e no que me baseio para avaliar os fatos pelo que passo no dia a dia.

Uma delas foi uma observação de Kaanda Ananda, sobre a verdade: Imagine a verdade como um diamante muito raro, único, mas de um tamanho excepcionalmente grande, quase imensurável, localizado em um local de difícil acesso para uns, mas para o qual outros conseguem alcançar utilizando diversos atalhos. Devido ao tamanho desse diamante, e pelo fato dele ser extremamente bem lapidado e apresentar diversas faces, ninguém é capaz de visualizá-lo como um todo, somente algumas partes. E, dependendo do local que vc se posiciona em relação a ele, vc vai poder enxergar somente algumas partes, e também dependendo do seu tamanho e do seu alcance de vista (se vc usa um binóculo, uma luneta, um telescópio, óculos, ou nenhum acessório), a visão que vc vai ter dele será maior ou menor. Em outras palavras, a forma como vc vai visualizar essa verdade será sempre diferente da forma como outra pessoa a vê também, e todos estarão encarando a mesma verdade.

Na mesma linha, a citação de Jihad Krishnamurti é bastante oportuna: “There´s no path to truth!”. Não há caminho para a verdade! Não existe nenhum caminho pré-moldado, ou pré-concebido, para se chegar à verdade. Cada um faz o seu, cada um determina por onde andar, como andar, o ritmo de sua caminhada, as ferramentas empregadas. E o grande diferencial é que o objetivo alvejado no final da sua caminhada é produto desta mesma, ou seja, o que vc vai encontrar no fim de seu caminho é conseqüência de tudo que acontece durante o período em que vc estava caminhando. A busca é tão ou mais importante do que a chegada final. Devido a isso, utilizar caminhos pré-formados, ou anteriormente feitos por outras pessoas, é ir em direção a um vazio, porque os ganhos finais já foram alcançados por outrem.

O que toda essa falácia significa? Primeiramente, que temos de respeitar as diferenças, pois elas são parte da trajetória de cada um. A descoberta da verdade é individual, e o modo de encará-la mais ainda. Nenhuma verdade é errônea, nenhuma verdade é deturpada, e muito menos inferior ou superior. São apenas visões diferentes de um mesmo diamante.

E, num segundo momento, temos a responsabilidade e o dever de pensar em cima de tudo que sentimos, vemos, aprendemos, de raciocinar sobre o que nos é apresentado, e de, a partir do nosso aprendizado, formular a nossa própria visão, a nossa própria verdade. Como também disse Krishnamurti: “Duvide do que eu falo, coloque em xeque o que eu penso, não aceite tudo que eu digo!”. Infelizmente o que mais vemos atualmente é uma preguiça generalizada no que tange raciocinar, pensar, formular raciocínios próprios, verdades individuais. Prefere-se aceitar como verdade única e universal o que está escrito em livros considerados infalíveis e portadores de “toda a verdade”, ou mesmo seguir mestres, gurus e líderes, sem a coragem ao menos de duvidar, ou de formular um pensamento próprio em cima do que foi lido ou ouvido. Ao optar por essa maneira de viver, a pessoa acaba por ignorar que ela está alienando alguns de seus bens mais preciosos, a liberdade de pensamento e o livre arbítrio.

Inconscientemente, muitos já fazem isso. Quantos dizem ser seguidores de determinadas religiões ou seitas, mas no cotidiano empregam determinadas ações e alguns pensamentos que são potencialmente antagônicos ao que preconiza sua filosofia religiosa? Quem tem a tranqüilidade de consciência de dizer que realmente segue e aplica na sua vida TUDO que é dito em seu templo religioso ou nos livros que são a base de sua crença, sem nem ao menos optar por diferentes concepções?

Bater no peito e dizer “MINHA RELIGIÃO É A CERTA”, “EU SOU SEGUIDOR DA ÚNICA VERDADE”, “VC ACREDITA NO QUE NÃO É CORRETO” é uma falta grave ao respeito pelo próximo, além de uma demagogia terrível, pois nem mesmo aqueles que se dispõem a essa cena conseguem aplicar em sua vida tudo que lhe é dito por suas próprias lideranças. E muitos dos conflitos, porque não dizer a maioria deles, que visualizamos no mundo antigo e moderno, têm como base essa prepotência e essa falta de respeito. Quem sabe quando aprendermos a respeitar os outros, e incluindo nesse respeito a compreensão de que cada pessoa que nos cerca é uma individualidade e, como tal, uma expressão de pensamento, e de que não somos nem superiores e nem inferiores, apenas diferentes (e ao mesmo tempo iguais na luta pela busca), poderemos realmente operar dentro de um micromundo para poder fazer um macromundo melhor?

Vida Longa e Próspera!

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Resistiré





A letra dessa música sempre me dá forças, em momentos difíceis. Vale a pena ler, é melhor do que muito livro de auto-ajuda. Para aqueles que tenham uma sensação de deja-vu, essa música foi cantada por Victoria April e Antonio Banderas na cena final de "Atame" de Almodóvar. Originalmente, foi sucesso na Espanha nas vozes da dupla Duo Dinamico.





Resistiré



Cuando pierda todas las partidas
Cuando duerma con la soledad
Cuando se me cierren las salidas
Y la noche no me deje en paz.

Cuando sienta miedo del silencio
Cuando cueste mantenerse en pié
Cuando se rebelen los recuerdos
Y me pongan contra la pared.

Resistiré, erguido frente a todo
Me volveré de hierro para endurecer la piel
Y aunque los vientos de la vida soplen fuerte
Soy como el junco que se dobla pero siempre sigue en pié.

Resistiré para seguir viviendo
Soportaré los golpes y jamas me rendiré
Y aunque los sueños se me rompan en pedazos
Resistiré, Resistiré...

Cuando el mundo pierda toda magia
Cuando mi enemigo sea yo
Cuando me apuñale la nostalgia
Y no reconozca ni mi voz

Cuando me amenace la locura
Cuando en mi moneda salga cruz
Cuando el diablo pase la factura
O si alguna vez me faltas tu.

Resistiré, erguido frente a todo
Me volveré de hierro para endurecer la piel
Y aunque los vientos de la vida soplen fuerte
Soy como el junco que se dobla pero siempre sigue en pié.

Resistiré, para seguir viviendo
Soportaré los golpes y jamas me rendiré
Y aunque los sueños se me rompan en pedazos
Resistiré, Resistiré...

quarta-feira, 11 de julho de 2007

De quantas dores são feitas as pessoas admiráveis?


As coincidências me incomodam, pois nelas pode-se reparar a tendência de ação do inconsciente coletivo, e como as pessoas revelam características e facetas as quais nem elas mesmas conhecem. E uma delas veio ao meu pensamento hoje: por que todas as pessoas que admiramos, que tomamos como ícones, invariavelmente passaram em algum momento de sua história por momentos de dor e provações? Por que a tendência de divinizar o sofrimento?


Vejamos o primeiro exemplo: os heróis. Sim, os heróis com certeza, porque eles sofrem, e mesmo os mais poderosos passam por momentos difíceis antes de estarem completamente cônscios de suas capacidades, e partirem para um grand finale. Qual herói não esteve em uma situação na qual parecia próximo de seu fim e, num relance de sorte e de revelação, dão a completa volta por cima e acabam em uma apoteose verdadeiramente “heróica”?


Segundo exemplo: líderes, ícones e figuras religiosas. Vejam o estrondoso sucesso do filme “A Paixão de Cristo”, onde o sofrimento de Jesus é mostrado em cenas onde não se poupou nem dramaticidade e nem sangue cenográfico! Dispensável dizer o nível de comoção que causou nas pessoas. São Francisco e suas chagas, São Sebastião e as flechas, Gandhi e sua estrutura corporal frágil agravada por suas greves de fome, Chico Xavier e sua saúde precária, Martin Luther King e o preconceito racial e sua morte estúpida... e nesse sentido muito poderia ser relatado...


Terceiro exemplo, e talvez um bem surpreendente: nossos antepassados. Quantas histórias pessoais e contadas por conhecidos, de avós e bisavós que passaram fome e outras privações materiais, negócios fracassados, terras perdidas, dificuldades para criar seus filhos, casamentos infelizes e sofrimentos ante-mortem. E sempre nossos antepassados são citados como exemplos de figuras merecedoras de respeito e admiração.


No dia a dia, é fácil muitos de nós nos apiedarmos e amolecermos o coração perante idosos pedintes, pessoas acidentadas, crianças marginalizadas, mães e pais sem notícias de seus filhos, mulheres estupradas e pais de família em dificuldades financeiras.


E essas pessoas, ao passarem por dores e sofrimentos, tornam-se admiráveis. Admira-se o seu comportamento perante a provação, seja de resignação e aceitação, ou, e outro extremo, de luta e enfrentamento. Louva-se seus exemplos, os quais suscitam dentro de nós questionamentos sobre quais seriam nossas atitudes perante tais situações, e o quanto suportaríamos. E muitos acreditam que a dor se torna condição exclusiva e necessária para que o ser humano possa entrar em fase de reflexão e mudar hábitos e costumes.


A minha pergunta que fica é esta: Seremos nós pessoas que somente nos modificaríamos, ou evoluiríamos, quando experimentamos determinadas situações, ou sentimos alteradas a rotina a qual nos acomodamos? Algo do tipo “você só pode dizer que não gosta do jiló provando ele!”, ou mesmo, para os mais exaltados “é preciso provar de tudo para que se possa julgar”!


Dentro dessa realidade, reduzimos ao pó o nosso poder de observação e meditação, e subestimamos nossa inteligência. O simples fato de observar a dor alheia, as conseqüências dos atos de outras pessoas e os caminhos que as levaram ao sofrimento não podem nos induzir a pensar e refletir, e dessa forma identificar as CAUSAS desses fatos? A meditação pura e simples, isenta de pré-conceitos e de vícios culturais, profunda no que tange o envolvimento de todas as possibilidades e probabilidades, não seria por si só suficiente para despertar a nossa consciência? Seríamos seres humanos modernos e evoluídos o suficiente para traduzir em ações práticas nossas reflexões íntimas e, por que não dizer, complexas?


Dessa forma, o heroísmo da sobrevivência ao caos e ao desespero é substituído pelo heroísmo da inteligência, da perspicácia e da coordenação entre pensamento e ação. Pode-se então dizer que, atingido esse estágio de pensamento, estamos deixando para trás um mundo de impulsividade e punições, por uma era aonde a observação se torna fonte de prevenção de erros.


Dessa forma, apresento a dicotomia e a polêmica: Evolução pela experiência prática ou pela observação e meditação? A primeira alternativa, típica da cultura ocidental, e a segunda, marcante nas tradições e religiões orientais.


Obs: Impossível não dizer que escrevi isso debaixo da constante lembrança de minha avó. Quando penso nessa portuguesa da Bairrada, que tanto sofreu em sua vida, que tanto lutou pela sua sobrevivência e de seus familiares, e que passou por uma miríade de problemas e transtornos de saúde no fim de sua vida que abalaram seu vigor e seu orgulho próprio, minha admiração e saudade aumentam sensivelmente. Tenha a certeza, Dona Auzinda, que o seu legado, maior do que qualquer herança material, é a sua sabedoria, seu caráter e sua força, que acompanham grande parte de todos que tiveram a imensa sorte de lhe conhecer e desfrutar de sua compania.

Os caminhos da vida são inescrutináveis... e as fiandeiras do destino imprevisíveis...


Muitos de nós, ao lembrarmos o passado, apresentamos diversas reações, tais como "tudo isso parece estar num passado tão distante", ou mesmo "parece que foi ontem", e até alguns pensam "nunca pensaria naquele tempo que estaria aqui hoje".


Para mim, a primeira opção é a mais comum. Tenho extrema facilidade de romper com o passado, mas esse romper não significa em nenhum momento esquecer tudo que passou, ou mesmo legar ao passado um lugar no fundo do baú. Creio fielmente que todos nós evoluimos, crescemos, aprendemos a cada instante da vida, e que até o último suspiro, é hora de aprender um pouco mais com a vida. E entender o passado, tirar lições dos fatos acontecidos e dessa forma olhar em frente com mais embasamento, torna-se condição si ne qua non para viver.


Muitos dos que se incomodam com "as manchas do currículo" (coisas que preferimos esquecer, ou mesmo não lembrar... mas as quais, como diria bem Billie Holiday, "it's easy to remember, but so hard to forget") incubam dentro de si nada mais do que um sentimento de culpa, que em grande parte das vezes é disfarçada com um orgulho falso, que se traduz no indefectível "não me arrependo de nada do que fiz". EU ME ARREPENDO SIM DE MUITAS COISAS QUE FIZ, porque quando coloco na balança de São Miguel, de um lado as facetas positivas, e de outro as negativas, o saldo não é nada bom. Mas de outra forma, pensando quem sabe com muito otismismo, até naquilo de que me arrependo eu posso tirar lições e ensinamentos que podem me impedir de repetir tais sandices em momentos futuros, nos quais as consequências seriam ainda mais árduas.


Tudo isso seria apenas uma pequena introdução para justificar minha admiração por algo que ouvi, e que aderi como se fosse um post-it no roll das "minhas" verdades: OS CAMINHOS DA VIDA SÃO INESCRUTINÁVEIS, OU MESMO INEXORÁVEIS". Isso já tinha sido dito para mim há cerca de uns 16 anos atrás, mas em outras palavras, com uma explicação bem simples, a qual repito: Imagine a sua vida começando e terminando em dois pontos distantes um do outro. O primeiro significa seu nascimento, e o segundo sua morte. O caminho que vc faz de um ponto a outro é vc quem decide, é vc quem faz, e mais ninguém, e somente alguns pontos são determinados para vc passar (carma...), o resto, se vc vai direto, em curva, em S, em T... é vc quem decide.


Isso me recorda outra coisa, um ensinamento do budismo: O único responsável pela sua felicidade é vc, ela não depende de nenhuma outra pessoa. Então, construa a sua felicidade VC MESMO, e nunca confira a outras pessoas o poder de destruí-la, ou construí-la. Todos os seus problemas são causados por vc mesmo, no final das contas.


E os caminhos da vida, apesar de muitos gostarem de fazerem planos de longo prazo, são inescrutináveis. Fazer planos, imaginar, idealizar, é extremamente humano, e faz parte de uma vivência salutar e prudente, mas temos de estar preparados para todas as possibilidades, todas as probabilidades, e temos de ter flexibilidade para nos adaptarmos às situações mais diversas possíveis, às mais diferentes possíveis. Temos que saber pisar no tapete vermelho do Copacabana Palace, e da mesma forma saber ir em Madureira e comer uma feijoada com Tia Surica da Portela!


Tudo em cima resume-se a uma frase: Comodismo é atraso! Inflexibilidade é imprudência! Adaptabilidade é requisito básico para a evolução, como já nos foi descrito por Darwin!


Saudações Portelenses!

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Dúvidas incomodam, mas são necessárias.


Tem sido muito comum o fato de me pegar pensando: "O que eu estou fazendo aqui?", "Que lugar é esse no qual vim parar?", "Meu Deus, o que eu fiz de minha vida?".

Tudo bem, confesso, estou em uma fase de choque cultural, e quem sabe uma pitada de crise existencial. De um lado, não posso reclamar, visto que saí de Minas para a Bahia para assumir um emprego estável, com um salário maior (o dobro) do que eu recebia lá. E as coisas funcionam bem na UFBA, estou satisfeito com o laboratório, com os companheiros de trabalho, com o ambiente em si.

O que tem incomodado, e muito, é o pessoal, e não o profissional. O ritmo de vida das pessoas aqui é muito diferente de tudo que eu estava acostumado. Tudo muito lento, tudo muito devagar, as coisas demorando para acontecer sem uma razão lógica de ser. Algumas semanas para instalar um telefone, outras para a internet, um mês para a tv a cabo, lentidão total em filas de banco, cinema, e completa inaptidão das pessoas em muitas de suas funções. Raras são as exceções, uma delas é o coordenador do laboratório, o qual aprendi a respeitar e admirar.

As observações de meus amigos são variadas, vão desde "De repente, é o meio que vc pode ter para se educar e deixar de ser muito estressado e nervoso", a também "Vc já sabia de antemão que seria assim, não reclame". Mas aposto no período de adaptação ao lugar novo, ao novo ambiente, à nova cultura, ao estilo de ser das pessoas, pois já que eu tenho mesmo que me adaptar a essa nova realidade, faço então como disse nossa ministra, "relaxe e goze".

Sinto saudades de Minas. Das pessoas, do clima, do ambiente, da cultura, da comida. Foram 13 anos, nos quais vivi de tudo, cresci, me tornei EU MESMO. Cheguei calouro, e saí doutor phd. Acho que a mudança se expressa das maneiras como cheguei e saí, em outras palavras, de como saí de Miguel Pereira vendo minha irmã e minha mãe na rodoviária, e literalmente chorando até o Rio de Janeiro, e de como fui embora, com a certeza de que tinha feito a coisa certa na hora certa, e com uma frieza lógica em meu coração.
Como estou sendo muito pessimista, devo dizer que essa mudança acarretou também vantagens (e muitas!). As paisagens dessa cidade são belíssimas, e retornar do trabalho contemplando a orla é desestressante! A simplicidade de muitas pessoas faz com que possa se obter colaborações muito mais facilmente. Um pouco que se faz é motivo de destaque pessoal, pois valoriza-se pequenas coisas. E mudar significou também revolver, renovar e modificar aspectos de minha vida que estavam fedendo horrivelmente, igual água parada (com certeza cheia de larvas de Aedes...).

É, já mudei minha vida completamente outras vezes antes, estou mudando agora. No fundo, no fundo, gosto disso, da mudança, do desafio do novo (indubitavelmente, coisa de ariano). E sugiro isso a qualquer um, sacudir a poeira e mudar de ares de vez em quando, faz bem para renovar as forças. Mas aviso também que nunca desanimem perante os obstáculos que aparecerem e a vontade de voltar ao porto seguro do que é conhecido. Perseverança e obstinação são pré-requisitos básicos para alcançar tudo aquilo que se almeja na vida.

Iniciando


Oi a todos!
Resolvi começar um blog, simplesmente pelo fato de que acho interessante compartilhar opiniões, pensamentos, experiências e demais coisas que possam ser parte de um dia-a-dia. Aprendo muito com o que outras pessoas permitem compartilhar comigo, e acho que estava sendo extremamente egoísta em não fazer o mesmo. Espero sinceramente poder sempre que possível colocar nesse blog tudo (ou almost everything) do que penso, do que acontece comigo, e que isso possa servir de base para outras pessoas pensarem também. Mas como diria Krishnamurti, "There´s no path to truth", cada um constrói a sua verdade, e seu caminho até ela (muitas vezes caminhar é mais importante do que chegar).
Abraços cordiais.