quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Amar: do it yourself



Amor, substantivo abstrato. Amar então é fazer algo abstrato, que não tem forma, cor, odor... daí a dificuldade de se definir o que é amar, ou em outras palavras, se determinada pessoa ama ou não outrem.
Mas como eu gosto da praticidade, e de colocar as coisas da forma mais simples e exeqüível possível, penso que algumas atitudes ou situações podem representar o verdadeiro sentido do “amar”:
- Vontade real e legítima de ver alguém;
- Satisfação em ver outra pessoa feliz, e vontade de realizar coisas que façam essa pessoa se sentir bem;
- A rotina que não se vê, que não se sente, que não se apresenta na sua definição clássica, ou seja, a mais detestada... a vivência rotineira que não relembra a rotina...
- Aquela pequena satisfação íntima, às vezes traduzida em um batimento do coração mais acelerado, em um olhar de satisfação, na hora que se revê alguém;
- Vontade de pegar no colo, de amparar, de retirar tudo de ruim que possa acontecer com alguém, em momentos de dificuldades;
- O tempo que não se vê passar quando se está acompanhado;
- O riso fácil, o beijo casual;
- A vontade quase constante de jogar para cima o racional (mas não jogar... sempre equilibrar o racional e o sentimental... fifty to fifty)
- O papo que não acaba, que flui, que não precisa ser alimentado, pois se alimenta espontaneamente;
- A vontade de ficar mais um minutinho que seja na cama, de manhã, ou até mesmo acordar um pouquinho antes, só para desfrutar de pequenos e curtos momentos juntos;

Mas alguns mais pessimistas, ou que se rotulam realistas, podem dizer que esses fatores só acontecem num início de relacionamento. Que, com o tempo, se extinguem e acabam não acontecendo mais. Até pode ser verdade, em muitos casos, quando as preocupações do dia a dia acabam se impondo, quando a o foco dos sentimentos se desviam. Lembrar de todas essas coisas descritas acima, do quanto eram boas, do quanto elas ajudavam a vencer as adversidades cotidianas é algo que pode, e muito, servir de ferramenta para reafirmar e consolidar a vida a dois.

Abraços de um veterinário que gostaria de ver a pureza, a fidelidade, o companheirismo e a inocência de atos dos animais em grande parte dos seres humanos...

domingo, 9 de janeiro de 2011

Sobre a felicidade e a busca...


Todo mundo quer ser feliz, todo mundo almeja a felicidade, mas sempre se ouve mais falar sobre a busca em si, mas não do encontro final. É extremamente difícil falar sobre buscar algo que as mesmas pessoas que empreendem essa jornada de busca não sabem definir.

Talvez, como felicidade é um conceito abstrato, a sua definição seja difícil de estabelecer.

Mas algumas coisas podem a tornar concreta, mais palpável, tais como:
1- O cheiro da pessoa amada, ou de quem gostamos, o cheiro da comida esperada ansiosamente, o aroma da natureza em locais com matas, cachoeiras.
2- O prazer de estar na companhia de pessoas queridas, aquela sensação de nem ver o tempo passar, da conversa que rende mesmo sem esforço para tocar para frente.
3- A sensação de estar em equilíbrio com o meio aonde se vive, mesmo que seja momentânea. Sensação de fazer parte do universo ou da natureza, de estar consciente de que os mesmos átomos que compõem aquela natureza também nos compõem.
4- O privilégio de ver uma paisagem bonita, um pôr de sol, um amanhecer, sentir o ar puro sendo inspirado, a calmaria da floresta, as cores ímpares e naturais.
5- O prazer de ver a pessoa querida a qual há muito não vimos, ou de apenas dar um bom dia para aqueles que nos ajudam a nos desenvolver no nosso dia a dia.

Talvez isso tudo possa exprimir uma certeza. Felicidade mora em “pequenas” coisas, presentes em nosso cotidiano, às quais muitas das vezes nem conferimos a devida importância. Hoje em dia, devido à grande disponibilidade de informação, somos bombardeados frequentemente com propagandas de coisas maravilhosas, prometendo sempre resultados miraculosos, e a vida passa a ser algo no qual seu sucesso está diretamente ligado à obtenção desses bens. A felicidade virou algo “mercantilista”.

E isso não se aplica somente a produtos. Pessoas também. O fluxo de informações nos leva a contemplar os “modelos de beleza”, e almejar a ser e a ter esses semi-deuses apolínicos. E daí a felicidade se torna de novo algo mercantilista, pois está atrelada à obtenção do que a sociedade moderna e a mídia como um todo determina como padrão.

E então, baseado no que se impõe a nós como prerrogativas básicas para ser feliz, procura-se, procura-se, procura-se, e nunca se acha a tal felicidade. Sempre falta algo, sempre tem alguma coisa a mais que poderia completar um quadro.

Um grande filósofo do século passado dizia que “é muito mais no processo de busca que podemos crescer como indivíduos, do que no momento final de conquista”. Pensando no que disse Jihad Krishnamurti, e sem querer muito tergiversar do que ele disse (ele mesmo sempre repetia: duvidem, questionem, reformulem o que eu estou dizendo...”), acho que, em relação a felicidade, a palavra certa é NÃO BUSQUEM!

Não buscar a felicidade? Não querer ser feliz? Poxa, Ricardo Portela, que é isso, vc enlouqueceu de vez? Não... ok... vamos com calma... vamos redefinir essa história toda.

Aprendi com a experiência própria que pequenos momentos felizes sempre acontecem de maneira espontânea, quase inesperada, quase não calculada, mas sempre fruto de um determinado contexto que, num momento em que quase se esquece de como esse contexto foi criado, ele rende frutos.

Por isso, penso sinceramente que a felicidade reside em pequenas coisas, pequenos momentos, pequenos sentimentos (lembrando sempre que a definição “pequeno” é para algo que consideramos “pequenos”, mas que muito certamente não o são). O fato é que se formos nos concentrar na BUSCA DA FELICIDADE, ela se torna distante, porque sempre se buscará, e na ânsia e no afã dessa busca, esses “pequenos” instantes podem passar despercebidos.

Valorizemos o que temos, o que criamos, o que passamos, mesmo por mais momentâneos que sejam. Um olhar, um “ver”, um sentir, um vivenciar... e sendo muito sincero, também procuremos passar para todos em volta a felicidade em pequenos atos, mas que traduzam em muito o que sentimos e o que queremos repassar com eles.

Nesse momento, me sinto feliz, apesar de ver pessoas em volta que estão passando por momentos difíceis. Acho que Deus me deu essa felicidade nesse momento para poder compartilhar com quem precisa. Tentemos, pois. As vezes a felicidade pode ser como um milagre de Jesus, no qual o quanto mais se compartilha e se doa, mais se tem...

Beijos, abraços e carinhos a todos!