segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Divagações sobre um fim chamado morte



Uma coisa que ainda me deixa muito intrigado é o quanto diversas pessoas têm medo da morte. Acho que a premissa de um fim, de algo inevitável e que de qualquer jeito virá algum dia, desafia a natureza humana de tal forma, que gera esse receio todo.
Talvez a morte não seja lá algo tão ruim assim. Se uma pessoa segue a filosofia do “sieze the day” , ela não teve temer a morte, pois está vivendo o máximo que pode todo o dia de sua vida. E a morte não representaria nenhum tipo de débito, porque a pessoa estaria ainda em crédito com tudo que conseguiu gozar na vida.
Se alguém acha que tem uma vivência infeliz, a morte significaria o rompimento com sua rotina de acontecimentos e problemas desagradáveis, cessando assim seus tormentos. Nada mais “suitable”.
Se alguém acredita na vida após a morte, de repente morrer pode ter um significado especial, porque seria a oportunidade da pessoa vivenciar tudo que ela acredita. E quem sabe talvez matar a curiosidade, para ver se o que ela acredita realmente tem um certo sentido.
Talvez a maior preocupação com relação à morte seja para pessoas as quais possuam dependentes, familiares, filhos, esposas, coisas afins. Aí a situação realmente complica, visto que existiria o sentimento da falta, da perda, da dependência, do como continuar a vida... não é meu caso.
Penso se esse seria um bom momento para morrer. Penso numa tal intensidade que já estou quase convicto disso. Talvez o fato de eu ter semeado tanta coisa em minha vida que resultou num isolamento emocional e físico tão grande, como se afigura atualmente, jogue um reflexo no fato de que, se eu morrer agora, minha falta não será sentida. Não terei pessoas para chorarem minha ausência, talvez nem para segurar a alça de meu caixão. Por isso mesmo nem quero caixão, por favor direto ao crematório, e de lá cinzas na cachoeira. Sem velório por favor, e se tiver algum evento, por favor sirvam um doze anos, pois é o tipo de ambiente que eu gosto.
Pode parecer pessimista, derrotista, mas é algo que se afigura dessa forma para mim nesse instante. Sem medo da morte, até curioso para saber o me espera lá do outro lado. Vamos abrir as portas da esperança!! A porta dos desesperados, qual vc quer, a do céu, do inferno, ou do purgatório? Ou quem sabe um período umbralino? Caminhos inesperados...
Reveria tantas pessoas, quem sabe. Tia Ieda, minha avó Auzinda, Odaléa... meu pai não, nem teria o interesse, deixa ele por lá aonde ele estiver.
Ou quem sabe eu poderia me divertir um pouco obsediando umas malas sem alça desse mundo? Algumas pessoas que precisariam provar um pouco de suas próprias atitudes? Colher aquilo que plantou? Algumas coisas estariam mais claras para mim.
Desculpem o tom... mas é o tom que está saindo do meu piano no momento.
Saudações do além túmulo.

3 comentários:

Vitor Hugo Moreau disse...

Muito pelo contrário, meu caro. Haveria muita gente pra segurar a alça do seu caixão, se isso ocorresse. Beberia muito, talvez, mas não doze anos pois que não faço desde o último porre, se isso ocorresse. Sentiria muito a sua falta, suas piadas, suas fofocas, suas pisadas de bola e suas atitudes impulsivas, se isso ocorresse. Sentiria falta da sua força empurrando pela porta a fora a poeira varrida do chão da sala. Mas só se isso ocorresse.
Como isso não vai ocorrer, levanta essa bunda da tampa do vaso, lava a cara com aquele sabonete em barra da pia do seu banheiro e toma a sua luta que ainda temos muita merda pra resolver juntos nessa porra dessa vida!

Astria disse...

Desesperar jamais
Aprendemos muito nesses anos
Afinal de contas não tem cabimento
Entregar o jogo no primeiro tempo
Nada de correr da raia
Nada de morrer na praia
Nada! Nada! Nada de esquecer
No balanço de perdas e danos
Já tivemos muitos desenganos
Já tivemos muito que chorar
Mas agora, acho que chegou a hora
De fazer Valer o dito popular
Desesperar jamais
Cutucou por baixo, o de cima cai
Desesperar jamais
Cutucou com jeito, não levanta mais.

Fazendo das palavras de Ivan Lins as minhas. E as de Vitor Hugo Moreau também. Vamos mudar o rumo dessa sua prosa mórbida agora? E vamos trabalhar o pensamento positivo? Já conversei com vc sobre isso... Ai, ai, ai, Portelinha! Tia Astria briga, viu? Bjs

Unknown disse...

Estava vendo seu comentário.E acho não.Tenho certeza que você é especial e tem sim pessoas que sentirão sua falta.Então ver ser para com esses pensamentos negativos que você é uma grande pessoa.E que tem muito ainda para viver nessa vida!
Um abração !